Lembro-me de ser pequenina e o meu pai ir a um funeral de um amigo. Como sabia que sendo filha única adorava ter com quem falar e brincar, convidou uma sobrinha do falecido a ir passar uns dias connosco, assegurando aos pais que esta se iria divertir. Semanas mais tarde lá estava eu toda contente a receber a menina em casa. Logo na hora do banho os meus Pais se aperceberam que algo era diferente do que estávamos habituados – a menina alegava que num dia em que estiveram 41.º, tinha tomado banho de manhã e não ia tomar novamente. Claro que tomou, porque o senhor meu Pai a isso a obrigou. Fiz a cabeça em água à minha mãe e pedi-lhe para dormir com a menina na sala para poder haver brincadeira e televisão até tarde… até que a menina foi atacada por aquela coisa que ataca as meninas todos os meses… E a menina nunca mais tomou banho, nem se lavou… Água foi coisa que deixou de haver na vida dela apesar do calor horrível que se fazia sentir na altura. Claro que a minha mãe arranjou maneira de nos separar outra vez… Claro que hoje me arrepia pensar numa menina com atitudes do século dezoito em matéria de limpeza…
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